segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Mais fácil falar de mim


​Mais fácil falar de mim; falar dos outros é complicado. Na maioria das vezes, a gente erra. Em outras, a gente acerta, mas eu me pergunto se isso tem serventia... De vez em quando, eu xingo, falo mal, reclamo, mas isso não torna o fato interessante. Falar dos outros é desinteressante.

​Então, eu falo de mim. Para não gritar. Para não surtar! Uma lástima esta vida; gasto meses, anos, horas que somadas fecham um longo tempo da minha vida... ah, já gastei dinheiro também. Já fiz determinados esportes, visando o mesmo fim. Já tomei chás e tentei inspirar e expirar fundo; também já tentei o contrário, soltando pequenos golpes de ar... tudo para manter um equilíbrio distante, um conformismo feliz.

​Semanas atrás, acreditei ter alcançado, enfim, a minha plenitude. Sim, minha, aquela que a mim seria só satisfação - sou chata, conjugo o verbo na primeira pessoa do singular, tudo eu, nada de nós, tem gente que adora conversar comigo no plural, "nós", detesto isso, não estou falando de sociedade, de conta no banco, de empreendimento; estou falando de mim, bem egoísta mesmo!

Então, um tempo atrás, eu acreditei no meu "nirvana". Não sou tola, sei que teria tempo curto de vida, mas isso não é a questão que me trouxe aqui.

​A questão que me trouxe é a sensação de desvario, de estar dentro da onda e nada poder fazer querendo fazer tudo, mergulhar, nadar, boiar, afundar, soltar, prender, correr, levitar e gozar... haveria vida para um bêbado em pleno mar revolto?

Mas eu não bebi, ou bebi?
Mas não vi mar, ou vi?

Eu estava em casa, a campainha tocou e eu fui abrir a porta, só isso, despreocupadamente. Eu sempre soube que todos os segredos estavam contidos nos atos praticados de forma despreocupada...


Suzana Guimarães​

(Suzana Guimarães)

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